ABSTRACT
Durante a última década, o manuseio das arritmias ventriculares foi radicalmente modificado. Antiarrítmicos do grupo I (bloqueadores de canais de sódio) foram relacionados a aumento da mortalidade em pacientes pós-infarto do miocárdio. Já os antiarrítmicos do grupo III (prolongam a repolarizaçäo e a refratariedade) amiodarona e dl-sotalol (sotalol) mostraram-se mais eficazes do que as drogas do grupo I em pacientes com taquiarritmias ventriculares, e näo incrementaram a mortalidade. Consequentemente, amiodarona e sotalol tornaram-se as drogas mais utilizadas no controle das arritmias ventriculares e sua eficácia terapêutica pode ser aferida pelo Holter. Estudos avaliando a amiodarona e o sotalol na profilaxia primária (sem história de taquiarritmias ventriculares) da morte súbita em populaçöes de risco pós-infarto do miocárdio näo demonstraram melhora da sobrevida. O cardioversor-desfibrilador implantável foi o principal avanço no manuseio das taquiarritmias ventriculares. O cardioversor-desfibrilador implantável foi consideravelmente mais efetivo que a amiodarona na prevençäo da morte súbita e na reduçäo da mortalidade total em pacientes pós-infarto do miocárdio com arritmias ventriculares potencialmente fatais (fibrilaçäo ventricular e taquicardia ventricular com repercussäo hemodinâmica), sendo atualmente a terapia de escolha neses pacientes. Em estudo controverso, o uso do cardioversor-desfibrilador implantável na profilaxia primária da morte súbita em pacientes de risco pós-infarto do miocárdio resultou em melhora significativa da sobrevida. Estudos em andamento devem esclarecer o valor do emprego profilático do cardioversor-desfibrilador implantável nesses grupos de risco. Este artigo revisa os principais estudos em pacientes com arritmias ventriculares, avaliando: (a) drogas antiarrítmicas e (b) cardioversor-desfibrilador implantável comparado ao tratamento farmacológico.